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Abraão (parte 1 de 2)

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Descrição: Esta lição aborda os eventos mais importantes na vida do Profeta Abraão (Ibrahim), baseando-os no Alcorão e na Sunnah.

Por Imam Mufti

Publicado em 12 Dec 2019 - Última modificação em 25 Jun 2019

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Objetivos

·Aprender os mais importantes eventos sobre a vida do Profeta Abraão (Ibrahim) baseados no Alcorão e na Sunnah.

Termos em árabe

·Sunnah - A palavra Sunnah tem vários significados dependendo da área de estudo; contudo, o significado que geralmente se lhe atribui é: palavras, ações e aprovações do Profeta.

O Profeta Abraão, conhecido como Ibrahim no árabe, nasceu uns 2.000 anos antes de Jesus, perto de Ur, a umas 200 milhas de Bagdá. O jovem Ibrahim questionava a religião que o rodeava.

Tal como aqueles ao seu redor, o seu pai Azar era um adorador de ídolos, possivelmente alguém que os esculpia; de forma que a primeira pregação de Abraão foi dirigida a seu pai. Nascido com a crença pura de uma criança, de que o universo possui um Criador, Ibrahim estava instintivamente ciente da verdade acerca d'Ele.

“E menciona, no Livro, (a história de) Abraão; ele foi um homem de verdade, e um Profeta.” (Alcorão 19:41)

Ibrahim começou a questionar a idolatria do seu pai:

“Quando disse a seu pai: 'Ó meu pai! Por que adoras o que não ouve nem vê e de nada te vale? Ó meu pai! Por certo, chegou-me, da ciência, o que te não chegou; então, segue-me, eu te guiarei a uma senda perfeita. Ó meu pai! Não adores Satã. Por certo, Satã é desobediente aO Misericordioso. Ó meu pai! Por certo, temo que um castigo dO Misericordioso te toque: então, tornar-te-ias aliado a Satã.'”[1]

“Tomas ídolos por deuses?” (Alcorão 6:74)

A resposta de seu pai foi uma rejeição natural a um desafio por alguém não apenas mais jovem do que ele, mas também da sua própria descendência, um desafio contra anos de tradição e convenções sociais.

Ele (o pai) disse: “Ó Abraão, porventura detestas as minhas divindades? Se não desistires, apedrejar-te-ei. Afasta-te de mim!” (Alcorão 19:46)

Ibrahim permaneceu firme na sua posição quanto à idolatria do seu pai e daqueles que o rodeavam. Ao rejeitar a idolatria, Ibrahim iniciou sua jornada espiritual ao Senhor dos Mundos. Contemplar racionalmente sobre o universo fê-lo desviar a sua atenção da criação ao Criador, e com isso veio a oportunidade de reforçar sua pregação de que a única divindade merecedora de adoração era Deus, o Todo-Poderoso. O Alcorão diz-nos:

“Quando a noite o envolveu, viu uma estrela e disse: 'Eis aqui meu Senhor!' Porém, quando esta desapareceu, disse: Não adoro os que desaparecem.’” (Alcorão 6:76)

Ibrahim apresentou-lhes o exemplo das estrelas, algo incompreensível para eles já que as consideram superiores ao ser humano e lhes atribuem poderes que o ser humano não possui. Porém no desaparecimento das estrelas Ibrahim viu sua incapacidade de aparecerem quando quiserem, sendo que apenas são visíveis de noite.

Um outro exemplo de algo ainda maior é de um corpo celeste mais bonito, e de maior tamanho do nosso ponto de vista, também visível durante o dia! No entanto, o horizonte limita sua majestade:

“Quando viu desapontar a lua, disse: 'Eis aqui meu Senhor!' Porém, quando esta desapareceu, disse: 'Se meu Senhor não me iluminar, contar-me-ei entre os extraviados.’” (Alcorão 6:77)

Em seguida, como um exemplo culminante, ele mencionou algo ainda maior para análise, um dos mais importantes objetos da criação para nós, sem o qual a nossa própria vida seria impossível.

E, quando viu o sol surgindo, disse: "Eis meu Senhor; este é o maior!" E, quando ele se pôs, disse; "Ó meu povo! Por certo, estou em rompimento com o que idolatrais. Por certo, eu dirijo minha face, como monoteísta sincero, para Quem criou os céus e a terra. E não sou dos idólatras.” (Alcorão 6:78-79)

Assim, Ibrahim provou para a sua própria satisfação e para a consternação do seu povo que o Senhor dos mundos não se encontrava entre as criaturas que os seus ídolos representavam, mas sim, pelo contrário, o Ser que os criou e criou tudo aquilo que eles podiam ver e compreender; que o Senhor não precisava necessariamente ser visto para ser adorado. Ele é um Senhor Todo-Poderoso, que não tem limitações como as criaturas que se podem encontrar neste mundo.

“Anteriormente concedemos a Abraão a sua integridade(...).”[2]

Contudo, apesar de tais evidências o seu povo continuou a contestá-lo.[3] Eles disseram:

“Não! Mas encontramos nossos pais fazendo assim.”[4]

Ele rejeitou a noção de que os antecessores de um indivíduo estivessem necessariamente certos, ou de que deveríamos seguir cegamente os seus costumes, ao dizer:

“Com efeito, vós e vossos pais tendes estado em evidente descaminho.” (Alcorão 21:54)

Sua mensagem era simples:

“E Abraão, quando disse a seu povo: 'Adorai a Allah e temei-O. Isso vos é melhor, se soubésseis. Apenas vós adorais ídolos, em vez de Allah, e inventais mentiras. Por certo, os que adorais, em vez de Allah, não possuem, para vós, sustento algum. Então, buscai, junto de Allah, o sustento, e adorai-O e agradecei-Lhe. A Ele sereis retornados.'”[5]

Depois chegou o momento em que a pregação teve de ser acompanhada pela ação. Ibrahim planeou um corajoso e decisivo ataque à idolatria, um plano que, conforme tinha previsto, incluía os seus ídolos,

“Por Deus que tenho um plano para os vossos ídolos, logo que tiverdes partido.” (Alcorão 21:57)

Era a ocasião de um festival religioso, para a qual eles sairiam da cidade, e Ibrahim foi convidado a participar. Então, ele olhou para o céu e disse;

“Por certo, estou doente.” (Alcorão 37:89)

...o seu povo saiu sem ele. Quando o templo ficou vazio apareceu a oportunidade que ele estava à espera. Entrou no recinto dos ídolos cobertos em ouro, que tinham na sua frente refeições sofisticadas deixadas ali pelos sacerdotes. Zombando deles com incredulidade, disse-lhes:

“Ele virou-se para os ídolos deles e lhes perguntou: 'Não comeis? Por que não falais?’” (Alcorão 37:91-92)

Afinal, o que poderia iludir tanto o ser humano ao ponto de adorar ídolos feitos pelas suas próprias mãos?

“E pôs-se a destruí-los com a mão direita.” (Alcorão 37:93)

O Alcorão nos diz,

“E os reduziu a fragmentos, menos o maior deles.” (Alcorão 21:58)

Quando os sacerdotes do templo retornaram, ficaram chocados ao ver tamanho sacrilégio, a destruição do templo. Eles perguntavam-se quem poderia ter feito isso aos seus ídolos quando alguém mencionou o nome de Ibrahim, explicando que ele costumava falar mal deles. Assim, os sacerdotes convocaram-no para a sua presença, esta foi uma oportunidade para que Ibrahim lhes mostrasse o seu desvio:

“Disse-lhes: 'Adorais o que esculpis, enquanto Allah vos criou e ao que fazeis?” (Alcorão 37:95)

A sua fúria estava a aumentar; sem nenhuma vontade de receberem pregação, eles foram direto ao ponto:

“Disseram: 'Foste tu que fizeste isso a nossos deuses, Ó Abraão?'” (Alcorão 21:62)

Mas Ibrahim deixou o ídolo maior intacto por um motivo:

“Respondeu: 'Não! Foi o maior deles. Interrogai-os, pois, se é que podem falar inteligivelmente.’”(Alcorão 21:63)

Quando Ibrahim os desafiou dessa forma, entraram num estado de confusão. Culparam-se mutuamente por não terem guardado bem os ídolos e, recusando-se a olhá-lo nos olhos, disseram:

“Com efeito sabes que esses não falam.”(Alcorão 21:65)

Então Ibrahim enfatizou a sua posição.

“Então, (Abraão) lhes disse: ‘Porventura, adorareis, em vez de Deus, quem não pode beneficiar-vos ou prejudicar-vos em nada? Que vergonha para vós e para os que adorais, em vez de Deus! Não raciocinais?’”(Alcorão 21:67)

Os acusadores tornaram-se os acusados. Foram acusados de incoerência na sua lógica. Eles não tiveram resposta para Ibrahim, pois o raciocínio de Ibrahim era irrefutável, a sua única resposta foi a ira e o ódio, e condenaram Ibrahim a ser queimado vivo:

“Disseram: ‘Preparai para ele uma fogueira e arrojai-o no fogo.’” (Alcorão 37:97)

Todas as pessoas do povoado ajudaram a juntar lenha para a fogueira, até que se tornou no maior fogo que jamais tinham visto. O jovem Ibrahim submeteu-se ao destino que lhe foi dado pelo Senhor dos mundos. Não perdeu a fé, esta prova apenas tornou-o mais forte. Ibrahim não se deixou intimidar pela ameaça de uma horrível morte apesar dE sua tenra idade; pelo contrário, suas últimas palavras antes de entrar no fogo foram,

“Deus é suficiente para mim e Ele é quem melhor dispõe dos assuntos.” (Sahih Al-Bukhari)

Aqui temos um outro exemplo de Ibrahim a passar com sucesso as provas que enfrentava. Sua fé no verdadeiro Deus foi posta à prova, e ele demonstrou que estava disposto a entregar sua vida pela causa de Deus. Sua fé tornou-se evidenciada pelas suas ações.

Deus não quis que o fogo fosse o fim de Ibrahim, pois ele ainda tinha uma grande missão pela frente. Assim, salvou a Ibrahim como um sinal para ele e para o seu povo.

“Dissemos: ‘Ó fogo! Sê frescor e paz sobre Abraão.’ E desejaram armar-lhe insídias; então, fizemo-los os mais perdedores.” (Alcorão 21:69-70)

Ibrahim escapou a salvo do fogo.

Depois de anos de perseguição, Ibrahim e sua família supostamente migraram para Harã no sudeste da Turquia para continuar a pregar a verdade. Enquanto em Harã, Ibrahim continuou a pregar ao seu pai, porém o seu pai continuava a persistir na sua rejeição. Finalmente disse-lhe:

“Se não desistires, apedrejar-te-ei. Afasta-te de mim!” (Alcorão 19:46)

Expulso pelo pai, Ibrahim partiu despedindo-se com palavras amáveis:

“Disse-lhe: ‘Que a paz esteja contigo! Implorarei, para ti, o perdão do meu Senhor, porque é Agraciante para comigo. Abandonar-vos-ei, então, com tudo quanto adorais, em vez de Deus. Só invocarei o meu Senhor; espero, com a invocação de meu Senhor, não ser desventurado.’” (Alcorão 19: 47-49)



Notas de rodapé:

[1] Alcorão 19:41-50

[2] Alcorão 21:51

[3] Alcorão 6:80

[4] Alcorão 26:69-76

[5] Alcorão 29:16-19

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