A crença em Allah (parte 1 de 2): As categorias de Tawhid
Descrição: O conceito de Tawhid (monoteísmo) está enraizado no próprio coração do testemunho de fé (Shahadah). Esta lição em duas partes visa proporcionar ao crente uma compreensão do que esse conceito único suporta. A primeira parte discute as categorias de Tawhid.
Por Imam Mufti
Publicado em 10 Dec 2019 - Última modificação em 27 Jul 2022
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Pré-requisitos
·Uma introdução aos pilares do Islam e aos artigos da fé (2 partes).
Objetivos
·Compreender as categorias de Tawhid.
Termos em árabe
·Tawhid – Atribuir unicidade e singularidade a Allah e descrevê-lo como sendo Um e Único, Seus nomes e atributos e Seu direito de ser adorado.
·Sunnah – A palavra Sunnah tem vários significados, dependendo da área de estudo; no entanto, o significado geralmente atribuído a ela é: palavras, ações, aprovações e desaprovações implícitas do Profeta.
·Shirk – Palavra que significa associar parceiros a Allah, conceder atributos divinos a alguém que não seja Allah; ou acreditar que a fonte de poder, dano e bênçãos vem de alguém que não seja Allah.
A crença em Allah – o nome próprio em árabe para o Deus Único – consiste em quatro questões:
(a) Crer na existência de Allah.
(b) Allah é o Senhor.
(c) Allah tem o direito à adoração.
(d) Allah é conhecido por Seus mais belos nomes e atributos.
(a) Crer na existência de Allah
A existência de Allah não precisa ser comprovada por argumentos científicos, matemáticos ou filosóficos. Sua existência não é uma "descoberta" a ser feita pelo método científico ou um teorema matemático a ser provado. Todo ser humano tem uma crença inata em um Criador.Tal crença não é o resultado de aprendizado ou pensamento pessoal dedutivo. São influências externas que afetam essa crença inata e confundem a pessoa, como o Profeta disse:
"Não há uma criança que não tenha nascido com uma crença natural em Allah, mas seus pais o fazem judeu, cristão ou mágico." (Sahih Al Bukhari, Sahih Muslim).
Além disso, o simples senso comum testemunha a existência de Allah. Quando vemos um navio, reconhecemos a existência de um construtor de navios; vendo o cosmos, reconhecemos a existência de seu Criador. A existência de Allah também é conhecida pelas respostas às súplicas, pelos milagres dos profetas e pelos ensinamentos de todas as Escrituras reveladas.
(b) Deus é o Senhor
Allah é o único Senhor do céu e da Terra. Ele é o Senhor do universo físico e o Legislador da vida humana. Ele é o mestre do mundo físico e o governante dos assuntos dos seres humanos. Allah é o Senhor de todo homem, mulher e criança.
(i) Allah é o único Senhor e Governante do mundo físico. O termo "Senhor" aqui significa especificamente que Ele é o Criador, Controlador; o Reino dos céus e da terra pertence exclusivamente a Ele, e Ele os possui. Somente Ele trouxe a existência da inexistência e todos dependem d'Ele para sua conservação e continuidade. Ele não criou o universo e o deixou seguir seu próprio caminho de acordo com leis fixas e deixou de se interessar mais por ele. Seu poder é necessário em todos os momentos para sustentar todas as criaturas. A criação não tem Senhor além d'Ele.
“Dize (Muhammad): Quem vos agracia com os seus bens do céu e da terra? Quem possui poder sobre a audição e a visão? E quem rege todos os assuntos? Dirão: Deus! Dize, então: Por que não O temeis?'” (Alcorão 10:31)
Ele é o Rei sempre governante e o Salvador, o Deus vivo, cheio de sabedoria. Ninguém pode mudar Suas decisões. Anjos, profetas, seres humanos e os reinos animal e vegetal estão sob Seu controle. Historicamente, poucas pessoas negaram a existência do Senhor; ao longo dos tempos, as pessoas em sua maioria acreditaram em um Deus, um Ser Supremo, um Criador sobrenatural.
(ii) Allah é o único Governante dos assuntos dos homens. Allah é o Legislador supremo[1], o Juiz absoluto, o Legislador, que distingue o certo do errado. Assim como o mundo físico se submete a seu Senhor, os seres humanos devem se submeter aos ensinamentos morais e religiosos de seu Senhor, o Senhor que separa o bem do mal. Em outras palavras, somente Allah tem autoridade para fazer leis, determinar atos de adoração, decidir moral e estabelecer padrões de interação e comportamento humano. Seu é o mandato:
“Acaso não Lhe pertence a criação e o poder?” (Alcorão 7:54)
(c) Allah tem o direito à adoração
Allah tem o direito exclusivo de ser adorado interna e externamente, pelas ações de uma pessoa e pelo seu coração. Não somente ninguém pode ser adorado sem Ele, absolutamente ninguém mais pode ser adorado junto com Ele. Ele não tem parceiros ou sócios na adoração. A adoração, em seu sentido abrangente e em todos os seus aspectos, é somente para Ele.
“Vosso Allah é um só, não há mais divindade além d'Ele, o Clemente o Misericordioso.” (Alcorão 2:163)
O direito de Allah de ser adorado não pode ser subestimado de forma alguma, pois é o significado essencial de La ilaha illa Allah. Um não-muçulmano entra no Islam testemunhando o direito exclusivo de Allah de ser adorado, esse é o ponto crucial da crença islâmica em Allah e em todo o Islam, foi a mensagem central de todos os profetas e mensageiros enviados por Allah. Todos eles declararam claramente:
“Oh meu povo! Adore somente a Deus, pois não há outra divindade exceto Ele.” (Alcorão 7:59, 11: 50, 23:32)
Essa foi a mensagem central de Abraão, Isaque, Ismael, Moisés, Jesus e Muhammad, e todos os profetas de Deus (que a paz esteja com todos eles). Se somente Allah cria, dá a vida e a morte, fornece alimento e segurança, dá audição e visão, então somente Ele deve ser adorado.
A adoração no Islam consiste em todo ato, crença, declaração ou sentimento do coração que Deus aprova e ama, tudo o que aproxima a pessoa de Seu Criador. Inclui tudo o que Allah legislou no Alcorão ou através da Sunnah de seu Profeta. Inclui a adoração "externa" – como as orações rituais diárias, o jejum, a caridade obrigatória e a peregrinação – bem como a adoração "interna" – a crença nos seis artigos da fé, a reverência, a adoração, o amor, a gratidão e a confiança. Um ato de adoração não é aceito, a menos que cumpra o seguinte:
(i) Deve ser realizado exclusivamente para Allah e para mais ninguém, nem mesmo para si mesmo. A adoração não deve ser feita nem mesmo para satisfazer os desejos básicos do coração, como receber elogios ou se exibir. Este é o significado de La ilaha illa Allah.
(ii) Deve estar em conformidade com os ensinamentos do Profeta Muhammad. Isso deve ser feito exatamente da mesma maneira realizada por ele, sem adicionar ou omitir nada. Esta é a implicação de Muhammad Rasul-Allah.
Allah tem direito a todos os tipos de adoração, a do corpo, a da alma e a do coração. A adoração é incompleta, a menos que seja feita com total reverência e temor a Allah, amor e devoção divinos, esperança na recompensa divina e extrema humildade. Dar a qualquer outra pessoa – sejam profetas, anjos, Jesus, Maria, ídolos ou natureza – uma parte da adoração devida a Allah, é conhecido como shirk e é o maior pecado do Islam.
(d) Allah é conhecido por Seus mais belos nomes e atributos
Allah é conhecido por Seus mais belos nomes e atributos como eles aparecem no Alcorão e na Sunnah, sem corromper ou negar o significado óbvio, imaginando seu "como" ou pensando neles em termos humanos.
“E de Allah são os ma is belos nomes: então, invocai-O com eles.” (Alcorão 7:180)
Consequentemente, é inapropriado usar termos como "Primeira Causa", "Autor", "Substância", "Ego Puro", "Absoluto", "Ideia Pura", " Conceito Lógico", "Desconhecido", "Inconsciente", "Ego", "Ideia" ou "O grande cara" como nomes divinos. Qualquer nome que se destine a ser atribuído a Allah deve ter sido revelado no Alcorão ou na Sunnah.
Os nomes de Allah indicam Sua perfeição e falta de deficiências. Allah não esquece, não dorme nem se cansa. Sua visão, como qualquer outro atributo, não é como a visão humana. Ele não é injusto e não tem filho, mãe, pai, irmão, associado ou assistente. Não foi concebido e não concebe. Não precisa de ninguém e é perfeito. Ele não se converte e não se assemelha aos humanos e não precisa de algo assim para "entender" a dor humana. Allah é o Altíssimo (Al Qawi), o Incomparável (Al 'Ahad), que aceita o arrependimento (at-Tawab), o Compassivo (ar-Rahím), o Eterno (Al Haii), o Provedor Total (Al Qaium), o Conhecedor de tudo (Al 'Alim), Quem escuta tudo (As-Sami'), Quem vê tudo (Al Basir), o Perdoador (Al 'Afuwu), o Amparador (An-Nasir) e o curador dos doentes (Ash-Shafi'). Existem muitos outros nomes mencionados no Alcorão e na Sunnah.
Todo louvor e glória são devidos a Ele por Sua absoluta perfeição e majestade.
Notas de rodapé:
[1] A existência de Deus comprovada pela existência de um legislador supremo é chamada de argumento "ético" pelos teólogos ocidentais.
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