Carregando...

Abraão (parte 2 de 2)

Avaliação:

Descrição: Esta lição aborda os mais importantes eventos na vida do Profeta Abraão (Ibrahim), baseados no Alcorão e na Sunnah.

Por Imam Mufti

Publicado em 12 Dec 2019 - Última modificação em 25 Jun 2019

Impresso: 82 - Enviado por E-mail: 0 - Vizualizado: 3,604 (média diária:: 2)


Objetivos

·Aprender sobre os mais importantes eventos da vida do Profeta Abraão (Ibrahim), baseados no Alcorão e na Sunnah.

Termos em árabe

·Sunnah – A palavra Sunnah tem vários significados segundo a área de estudo; contudo, o significado que geralmente se lhe atribui é: palavras, ações e aprovações do Profeta.

·Caaba – A estrutura em forma de cubo situada na cidade de Meca. Serve como um ponto focal para o qual os muçulmanos se orientam durante a oração.

·Rakah – Unidade de oração.

·Hajj – É a peregrinação à Meca, onde o peregrino realiza um conjunto de rituais. O Hajj é um dos cinco pilares do Islam, e todo muçulmano adulto deve realizá-lo pelo menos uma vez na vida se dispuser de meios econômicos e for fisicamente capaz [de realizar tal viagem].

·Sa’i – Consiste em caminhar e correr entre as colinas de Safa e Marwa.

Depois de anos de pregação ineficaz e angústia pelo provável destino do seu pai na outra vida, Ibrahim, com o coração sensível, manteve sua promessa de rogar por ele. Porém, esta foi uma promessa que Allah rejeitou no final (Alcorão 9:113-114). Quando Ibrahim deixou para trás Harã e os idolatras, fez algo que seria um exemplo para nós. Allah recomenda-nos uma parte das suas palavras e nos alerta contra a outra parte:

“Com efeito, há para vós belo paradigma em Abraão, e nos que estavam com ele, quando disseram a seu povo: ‘Por certo, estamos em rompimento convosco e com o que adorais, em vez de Allah; renegamo-vos, e a inimizade e a aversão mostrar-se-ão, para sempre, entre nós e vós, até que creiais em Allah, só n'Ele’, exceto no dito de Abraão a seu pai: ‘Em verdade, implorarei perdão para ti, e nada te poderei fazer, junto de Allah.’”[1]

Ibrahim migrou para o Egito, onde se encontrou com o Faraó, governante dessa terra. Sara, uma mulher bonita e atraente, chamou a atenção do Faraó. Quando foi perguntado sobre sua relação com Sara, Ibrahim respondeu que ela era sua irmã, querendo dizer que era a sua irmã na fé. Através dela iria se transmitir uma mensagem convocando os egípcios a adorar somente a Allah. Pensando que Sara estava disponível para o seu próprio proveito, Faraó chamou-a rapidamente e ela, sob as instruções de Ibrahim, manteve silêncio sobre a verdadeira relação entre ambos. Sara, no entanto, era uma mulher casta, e dirigiu suas preces a Allah. Quando o Faraó quis se aproximar da Sara, a metade superior do seu corpo ficou paralisada. Ele rogou a Sara com angústia, prometendo que a libertaria se ela levantasse o castigo. Contudo, ela simplesmente suplicou a Allah que libertasse o Faraó, para demonstrar que apenas Allah possuía o poder de protegê-la se assim desejasse. Somente depois de uma terceira tentativa falhada que o Faraó finalmente deixou-a ir. Sara retornou para Ibrahim, acompanhada de Agar, um presente de Faraó, para ficar de bons termos com alguém tão protegido por Allah. Ela transmitiu uma poderosa mensagem aos pagãos egípcios, ainda que Faraó não tenha sabido encaminhar bem o seu presente reconciliatório, o qual deveria ter sido dirigido a Allah.

Carregado de presentes, Ibrahim voltou à Palestina. Não obstante, Sara e Ibrahim continuaram sem filhos, apesar das promessas divinas de que teriam uma grande descendência. Guiada pelo altruísmo, Sara sugeriu que Ibrahim tomasse Agar, a sua serva, por segunda esposa para que lhe desse descendência em seu lugar. Enquanto estava na Palestina, Ibrahim casou-se com Agar e esta deu-lhe um filho, Ismael.

Quando Ismael era ainda um bebê a ser amamentado, Ibrahim recebeu a ordem de Allah para levar Agar e Ismael ao vale deserto de Bakka, umas 700 milhas a sudoeste de Hebrom, um vale que posteriormente seria chamado de Meca. Ibrahim deixou-os ali com um odre de água e uma bolsa de couro que continha tâmaras. Assim que Ibrahim começou a distanciar-se deixando-os para trás, Agar começou a preocupar-se com o que se estava a passar. Ibrahim não olhou para trás; Agar seguiu-o dizendo-lhe: ‘Ibrahim! Para onde vais, deixando-nos num vale desabitado sem nada e nem ninguém?’ Ibrahim apressou o passo. Finalmente, Agar perguntou: ‘Allah pediu-te para fazeres isto?’ Subitamente, Ibrahim parou, virou-se e disse, ‘Sim!’ Sentindo-se reconfortada pela resposta, ela perguntou: ‘Ibrahim estás a deixar-nos ao cuidado de quem?’ ‘Estou a deixar-vos ao cuidado de Allah,’ respondeu Ibrahim. Agar submeteu-se a seu Senhor: ‘Allah é suficiente para mim!’[2] Ela regressou ao lugar onde estava o pequeno Ismael. Ibrahim partiu depois de ter suplicado a Allah por sua esposa e por seu filho, o que fez quando já estava fora de vista.

Pouco tempo depois, a água e as tâmaras acabaram e o desespero de Agar estava a aumentar. Sem poder saciar sua sede e nem poder dar o peito ao seu pequeno filho, Agar começou a procurar pela água. Começou por escalar a encosta rochosa de uma colina nas proximidades. "Talvez passe aqui uma caravana", disse para si mesma. Em seguida, correu entre as colinas de Safa e Marwa sete vezes, em busca de água e então ouviu uma voz. Ao olhar em baixo para o vale, viu alguém parado ao lado de Ismael. Era o anjo Gabriel, que bateu o solo com o seu calcanhar perto da criança, enquanto ela descia apressadamente, e a água começou a brotar. Foi um milagre! Agar improvisou uma bacia de forma a reter a água e poder transportá-la para o seu odre. "Não temas ser abandonada", disse o anjo, "pois esta é a Casa de Allah que será construída por esta criança e o seu pai, e Allah não abandona o seu povo."[3] Logo depois, a tribo árabe de Jurhum, que estava a migrar no seu trajeto habitual no sul da Arábia, parou enquanto passava pelo vale de Meca. Pareceu-lhes raro ver aves a voar naquela direção, pois era conhecido por ser um vale seco e desabitado, pelo que foram verificar o que se passava. Quando viram a água abundante, perguntaram à mãe com a criança se podia partilhá-la com eles. Eventualmente, acabaram por se estabelecer em Meca e Ismael cresceu entre eles.

Durante uma reunião com sua família em Meca após anos de afastamento, Allah ordenou a Ibrahim através de um sonho que sacrificasse o seu filho, com quem se reunira recentemente depois de quase uma década de súplicas e separação. Ibrahim consultou o seu filho para ver se ele compreendia: “(Ibrahim) lhe disse: ‘Ó filho meu, sonhei que te oferecia em sacrifício; que opinas?' Respondeu-lhe: 'Ó meu pai, faze o que te foi ordenado! Encontrar-me-ás, se Deus quiser, entre os perseverantes!'"[4] O filho piedoso de um pai piedoso estava comprometido com a submissão a Allah e aceitou voluntariamente ser sacrificado. Foi ordenado a Ibrahim que levasse seu filho até Mina, cerca de quatro milhas fora de Meca, e o colocasse ali para o sacrifício. Precisamente no momento em que Ibrahim estava a começar a cortar, uma voz deteve-lhe: E chamamo-lo: 'Ó Abraão! Com efeito, confirmaste o sonho. Por certo, assim recompensamos os benfeitores. Por certo, essa é a evidente prova.'[5] Ibrahim recebeu a ordem de resgatar Ismael com um carneiro: "E resgatamo-lo com imolado magnífico."

Depois que Ibrahim regressou à Palestina, foi visitado por anjos que anunciaram a ele e a Sara as boas novas de outro filho, Isaque, com as seguintes palavras: Disseram-lhe: Não temas, porque viemos alvissarar-te com a vinda de um filho, que será sábio.”[6]

Em uma de suas viagens posteriores a Meca, ambos construíram a Caaba, de acordo com o comando de Allah. Enquanto pai e filho construíam a Caaba, suplicavam:

“E quando Abraão e Ismael levantaram os alicerces da Casa, exclamaram: 'Ó Senhor nosso, aceita-a de nós pois Tu és Oniouvinte, Sapientíssimo. Ó Senhor nosso, permite que nos submetamos a Ti e que surja, da nossa descendência, uma nação submissa à Tua vontade. Ensina-nos os nossos ritos e absolve-nos, pois Tu é o Remissório, o Misericordiosíssimo. Ó Senhor nosso, faze surgir, dentre eles, um Mensageiro, que lhes transmita as Tuas leis e lhes ensine o Livro, e a sabedoria, e os purifique, pois Tu és o Poderoso, o Prudentíssimo.” (Alcorão 2:127-129)

Antes de sair de Meca, Ibrahim fez uma prece especial a Allah, pediu que Meca fosse abençoada, pediu proteção para sua família contra a falsa adoração de ídolos, bênçãos para Ismael e seus descendentes, orações regulares para a sua descendência, e perdão para si mesmo, para os seus pais e para todos os crentes (Alcorão 14:35-41). A súplica de Ibrahim para a vinda de um Mensageiro, e para os descendentes de Ismael, foi respondida milhares de anos depois, quando Allah fez surgir o Profeta Muhammad (que a misericórdia e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) entre os árabes.

Ele iria agora proclamar uma obrigação imposta sobre todo o crente num só Deus, de fazer a peregrinação à Caaba (Alcorão 22:27). Por que é que isto não é mencionado no judaísmo e no cristianismo atuais? É algo intrigante, porém deve ser uma omissão deliberada dos seus ensinamentos religiosos, já que alteraria a ênfase da sua "terra prometida" a uma outra terra onde o "povo escolhido de Israel" não estava a habitar.

Ibrahim e o Hajj

São vários os ritos do Hajj que celebram os eventos da vida de Ibrahim e de sua família. Depois de circundar em torno da Caaba, um muçulmano deve rezar duas rakahs atrás da Estação de Ibrahim, a pedra sobre a qual se apoiava para construir a Caaba. Após essa oração, um muçulmano bebe a água de Zamzam, a milagrosa água fornecida pelo anjo Gabriel que salvou as vidas de Agar e Ismael. O rito de sa'i – a caminhada entre Safa e Marwa – celebra a desesperada busca de água por Agar quando ela e o seu bebê ficaram sozinhos em Meca. O sacrifício de um animal em Mina é uma celebração da determinação de Ibrahim em sacrificar o seu filho pela causa de Allah. Por último, o lançamento de pedras contra os três obeliscos (jamarat) em Mina, exemplificam a rejeição de Ibrahim às tentações de Satanás, que tentou impedi-lo de sacrificar Ismael.

Ibrahim, aquele que foi escolhido por Allah para ser o seu amigo íntimo (khalil-ullah), sobre quem Allah diz:Por certo, farei de ti dirigente para os homens.”[7]voltou para a Palestina e ali morreu.



Notas de rodapé:

[1] Alcorão 60:4

[2] Sahih Al-Bukhari

[3] Sahih Al-Bukhari

[4] Alcorão 37:101-102

[5] Alcorão 37:104-106

[6] Alcorão 15:53

[7] Alcorão 2:125

Teste e Navegação Rápida
Ferramentas da Lição
Ruim Ótimo
Fracassado! Tente mais tarde. Obrigado pela sua avaliação.
Deixe-nos sua Opinião ou Pergunta

Comente esta lição:: Abraão (parte 2 de 2)

Os campos marcados com um asterisco (*) são obrigatórios.

Além disso, você poderá perguntar através do chat ao vivo disponível aqui.