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O Islam começou como algo estranho

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Descrição: Uma explicação curta do hadith sobre estranheza. Seguido de uma discussão sobre esse termo e como ele se relaciona com o Islam hoje e no passado.

Por Aisha Stacey (© 2017 NewMuslims.com)

Publicado em 14 Jan 2020 - Última modificação em 25 Sep 2017

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Objetivo

·Compreender o conceito islâmico de estranheza.

Termos em árabe

·Sahabah – A forma plural de "Sahabi", que se traduz em companheiros. Um sahabi, como a palavra é comumente usada hoje, é alguém que viu o Profeta Muhammad, acreditou nele e morreu como muçulmano.

·Hadith – (plural – ahadith) é uma peça de informação ou uma história. No Islam é uma narrativa registrada dos ditos e ações do Profeta Muhammad e seus companheiros.

·Sunnah – A palavra Sunnah tem diversos significados, dependendo da área de estudo, no entanto, geralmente aceita-se o significado de que é tudo aquilo que foi relatado que o Profeta disse, fez ou aprovou.

·Din – Modo de vida baseado na revelação islâmica; a soma total da fé e prática de um muçulmano. Din é frequentemente usado para significar fé ou religião do Islam.

·Dunya – Este mundo, em oposição ao mundo da Outra Vida.

Islam-Began-as-Something-Strange.jpgEntre as definições de estranho encontradas no Dictionary.com, encontramos algo ou alguém incomum, extraordinário ou desconhecido. Um estranho é alguém com quem não estamos acostumados ou com quem não estamos familiarizados. Poderíamos dizer que alguém é um estranho, como em "Eu nunca vi essa pessoa aqui antes." Os muçulmanos hoje estão bem familiarizados em serem considerados estranhos ou se sentirem estranhos. Tendemos a pensar que isso é algum tipo de fenômeno do século XXI, mas estamos errados quanto a isso.

Aqueles que adoram Um Deus já sentiram alguma vez essa sensação de estranheza. Os profetas e mensageiros sentiram como se fossem uma pessoa entre tantas outras. A maioria das pessoas não pensava assim. Suas famílias se destacavam da multidão, seus seguidores pareciam e se sentiam estranhos entre suas respectivas sociedades. Os primeiros muçulmanos em Meca devem ter se sentido estranhos também. Imagine-os se perguntando por que seus entes queridos não se sentiram da mesma maneira que eles. Imagine como era ser uma pessoa entre muitas ou um pequeno grupo no meio da multidão. O Profeta Muhammad, que a misericórdia e as bênçãos de Allah estejam sobre ele, disse aos sahabah que a estranheza deles era um bom sinal; boas novas, disse ele, pertenciam aos estranhos.

Um hadith muito conhecido explica a estranheza que sentimos. “O Islam começou como algo estranho, e voltará a ser algo estranho, por isso dê as boas novas aos estranhos.[1] Seus ouvintes então perguntaram: “Quem são esses estranhos, ó Mensageiro de Allah?” Ele respondeu: “Aqueles que corrigem as pessoas quando elas se tornam corruptas.”[2] Em outra narração do hadith, ele disse em resposta à mesma pergunta: “Eles são um pequeno grupo de pessoas entre uma grande população do mal. Quem se opõe a eles é mais do que quem os segue.”[3]

Quando o Profeta Muhammad começou a chamar as pessoas para o Islam, haviam poucas que se deram ao trabalho de ouvir seus avisos e mensagens. Aqueles que o fizeram foram considerados estranhos. Então, quando multidões de pessoas entraram no din de Allah tornaram-se menos estranhas, aqueles que se recusaram a aceitar a mensagem eram os estranhos. O prolífico sábio islâmico Ibn al-Qayyim (1292 - 1350 E.C.) explicou que existem estranhos mesmo entre os estranhos. Ele disse que os muçulmanos são estranhos entre a humanidade; os verdadeiros crentes são estranhos entre os muçulmanos; e os sábios são estranhos entre os verdadeiros crentes. E os seguidores da Sunnah, aqueles que abandonam todas as formas de inovação, são igualmente estranhos.[4]

Ibn al-Qayyim também dividiu a estranheza em três graus:

1.Estranheza louvável. Essa é a estranheza que ocorre quando uma pessoa diz que não há Deus,exceto Allah e Muhammad é Seu mensageiro. Ser crente em um mundo cheio de não- crentes é uma estranheza louvável, uma estranheza reconfortante.

2.Estranheza culpável. Essa é a estranheza que advém de não estar entre os crentes. É algo de que todos devemos buscar a proteção de Allah, porque essas pessoas são estranhas a Deus.

3.É a estranheza que o viajante sente. É neutro, nem louvável nem culpável. Ibn al-Qayyim apóia a ideia de que ele tem potencial para se tornar louvável.

A estranheza do viajante é o sentimento peculiar que uma pessoa sente quando está longe do lugar em que se sente mais confortável, sua casa. Quando uma pessoa permanece em um lugar por um curto período de tempo, sabendo que precisa seguir em frente, ela se sente estranha, como se não pertencesse a ele, ou talvez a qualquer lugar. O profeta Muhammad disse: “Viva neste mundo como se você fosse um estranho ou um viajante.”[5]

Há muitos crentes que se sentem como se fossem estranhos nesta dunya. Os novos muçulmanos costumam se surpreender ao descobrir que, mesmo quando abraçam o Islam, seu sentimento de não pertencer completamente não parece desaparecer completamente. E esse sentimento não se limita aos novos muçulmanos. Muitas pessoas que nasceram no mundo do Islam também sentem esse sentimento de não pertencer a esse lugar. Para esse fim, há muitos que acreditam que o sentimento de estranheza não desaparecerá até que estejamos seguros em nosso verdadeiro lar, o Paraíso.

Ao longo do Alcorão Allah lembra aos crentes que a outra vida é o nosso destino final. Este mundo, Ele nos diz, não passa de uma diversão, um teste e uma prova. Ibn Rajab (1335 -1393 E.C.) apontou que o Profeta Muhammad usava a analogia de um estranho porque um estranho é geralmente uma pessoa que está viajando e sempre preparada para ir para casa; viajando por essa dunya se preparando para a Outra Vida e desejando o Paraíso.

Além disso, um estranho não parece ser como as outras pessoas, ele é diferente. As diferenças são o que o torna um estranho. Os verdadeiros crentes são estranhos e é apropriado que não sejamos como aqueles que não creem. Em um mundo onde seguir os ensinamentos do Islam é encarado como algo estranho, às vezes até entre os próprios muçulmanos, é fácil relacionar-se à ideia de que o Islam voltará a ser algo estranho. Portanto, abrace sua estranheza e seja grato pelas boas novas que a acompanham.



Notas de rodapé:

[1] Sahih Muslim, At-Tirmidhi, Ibn Majah e Ahmad.

[2] Relatado por Abu Amr al-Dani, do hadith de Ibn Masoud.

[3] Relatado por Ibn Asaakir.

[4] Al-Ghurbathu wa al-Ghuraba, um livreto do Imam Ibn al-Qayyim al-Jawziyyah.

[5] Sahih Bukhari.

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